Reparos internos em barcos: o que você precisa saber antes de contratar

Fazer reparos internos em barcos não é tarefa para qualquer profissional. Ao contrário do que muitos pensam, a marcenaria naval exige muito mais do que conhecimento em corte e montagem de madeira — ela demanda domínio técnico sobre ambientes com alta umidade, salinidade e vibração constante.

O interior de uma embarcação está em constante movimento, o que exige materiais nobres, técnicas de fixação específicas e planejamento inteligente para otimizar espaço e circulação.

Muitos armadores cometem o erro de contratar marceneiros comuns para fazer reparos simples, como trocar um armário ou refazer o revestimento de uma cabine. O problema é que materiais como MDF comum, ferragens convencionais ou colas inadequadas simplesmente não resistem ao ambiente marítimo. Em poucos meses surgem bolhas, mofo, ferrugem e desencaixes.

Em um caso que atendemos em Paraty, um velejador havia tentado economizar em uma reforma anterior. O resultado: armários empenados, portas inchadas e ferragens corroídas em menos de quatro meses. Quando assumimos o projeto, utilizamos compensado naval tratado, ferragens de inox 316 e cola epóxi náutica. A diferença foi tão visível que o próprio cliente nos relatou: “Agora sim posso navegar sem medo de abrir um armário e ele cair.”

Os principais sinais de que um reparo malfeito foi executado incluem:

  • Ferragens soltas após poucos meses;

  • Aparência desbotada ou esbranquiçada da madeira;

  • Mau cheiro vindo de armários fechados;

  • Portas que não fecham corretamente com o balanço do mar.

Por isso, ao contratar um profissional para reforma interna, exija experiência em marcenaria naval, referências de projetos anteriores e uso exclusivo de materiais próprios para embarcações.

Fontes:

  • ABNT NBR 7190 — Madeira Estrutural

  • Revista Náutica (https://nautica.com.br)

  • Manual de Marcenaria Naval — Escola Náutica de Itajaí